EM BUSCA DA IBIÚNA QUE AMO
Estou em busca da Ibiúna que amo. Tenho por ela um chuleio de que vai encontrar o caminho da evolução líquida e equilibrada que desejamos em nosso íntimo. Refiro-me ao histórico divórcio entre a estrutura e o funcionamento político-administrativo da cidade e a população. Os problemas são como cantilenas, na saúde, na educação, na precariedade das estradas, no meio de transportes, nas obras que não se realizam e no dinheiro que desaparece antes de cumprir sua finalidade, na manha dos políticos e de empresários, na irresponsabilidade e na prevaricação.
Como estamos todos no mesmo barco, e, por isso, sentimos suas oscilações entre o ceticismo crônico e o cinismo, por meio do qual os artífices dos atos político-administrativos procuram nos iludir e que, aparentemente, conseguem com muitos, mas não com aqueles que já estão vacinados contra a inocência que acomete as pessoas mais simples e que são crédulas a afagos e palavrórios vazios de sentimentos verdadeiros.
Causa pasmo, e essa não é a Ibiúna que queremos, quando leio no jornal uma declaração pública feita por meio do cartório de registro, um desagravo à ofensa feita a um ministro do Tribunal Superior Eleitoral. Trata-se de um fato bizarro, estranho, fora de lugar, embora na democracia haja o direito de alguém “movido por forte emoção”, por isso mesmo, se desculpar.
Fato similar ocorre na Ibiúna do Facebook. Tirando a parte melíflua, familiar, amistosa, positivista, demonstrações de carinho e de solidariedade, resta um contexto que se localiza na camada da baixaria, sem nenhum filtro de elegância e de respeito ao próximo, ou àqueles que nada têm a ver com conflitos de opinião, de modo de ver a vida ou mesmo de rancores interpessoais chulos. Não é aqui uma vestal que escreve, mas alguém que vê em tudo isso um atraso, uma barbárie, uma miserabilidade sociocultural, uma forma de violência corrosiva. Rir ou provocar riso é uma coisa, ofender é outra.
Se no ceticismo perdemos a esperança e a fé; pelo cinismo, no qual estamos imersos, tentam nos convencer contra a evidência dos fatos reais. Utilizam artifícios visuais e verbais, como se pudessem formar uma imagem positiva de realizadores e de atentos administradores públicos, sendo que a verdade caminha a larga distância. São situações risíveis ou derrisórias, como diria um erudito.
A Ibiúna que amamos e que queremos ainda está à frente dos nossos passos, mas estamos a caminho de encontrá-la, se não for agora, como sentimos, será algum dia, quando todos aprendermos que temos que nos libertar de tudo aquilo que se nos apresentam como engodos que, infelizmente, funcionam, para muitos, como iscas de um tempo de hábitos e comportamentos obsoletos e ultrapassados.
Neste momento, por falta de assunto, Ibiúna “precisa” ver coisas já vistas, como se elas fossem diferentes do que são. Falta, lamentavelmente, cacife para trazer em cena algo novo de verdade.
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Carlos Rossini é
editor de vitrine online