EDITORIAL – MANOBRA NA CÂMARA DE IBIÚNA PROVOCA INDIGNAÇÃO

camara hojeA possivelmente inédita obstrução absoluta feita pela base aliada do prefeito Fábio Bello na sessão da Câmara Municipal de terça-feira, conforme vitrine online noticiou ontem com exclusividade, provocou uma repercussão negativa no município. A palavra mais elegante utilizada no Facebook e no espaço de comentários própria revista para adjetivar o fato foi “vergonha”.Outras, com ataques diretos aos edis que formaram um paredão contra a apreciação de cerca de 20 requerimentos, por serem extremamente agressivas [e chulas] não estão repetidas aqui.

Pelo menos dois vereadores se manifestaram por escrito sobre o assunto. O vereador Beto Arrais (PPS) disse que “o estranho de tudo isso é que são requerimentos de fiscalização, se o Governo é sério, qual o motivo de não responder? O que fiquei pensando é que o vereador Zaia [Israel de Castro, PSDB] pediu discussão de requerimentos meus, de fiscalização”. [Eis um exemplo]: foram comprados carros com o dinheiro do Fundeb, onde estão esses carros? Outro: estão fazendo Licitações na Modalidade Carta Convite desde outubro de 2014 e até a presente data não temos acesso a essa modalidade de licitação, quero dizer, o Zaia, tem que pensar é no povo!”

O vereador Carlinhos Marques (PT) foi o campeão de pedidos de discussão, já que apresentou 14 requerimentos. Ele postou comentário no Facebook anunciando que até mesmo um requerimento solicitando à Vivo a instalação de uma antena no bairro Cocais não foi apreciado.

Essa forma generalizada de impedimento de votações causou impacto negativo, mesmo em relação aos demais vereadores, se configurando como uma estratégia meramente política, sem considerar as implicações do bloqueio nas questões de interesse público.

Se esse comportamento da bancada situacionista persistir irá prejudicar notoriamente o trabalho do Legislativo em sua função de fiscalizar os atos do Executivo e, isso, convenhamos, não é o melhor exemplo de conduta republicana. Ainda que não tenha ferido o decoro, causou notória indignação pública.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.