COMO SÃO SEBASTIÃO SE TORNOU O SANTO PROTETOR DE IBIÚNA

Nos primeiros séculos do cristianismo todo santo, por definição, era um mártir, executado pelas autoridades romanas por se recusar a abandonar sua fé.

É o caso de São Sebastião, protetor de Ibiúna. Ele foi amarrado a uma árvore e atravessado por flechas. Ele é representado pela imagem desse momento do martírio.

Nessa época a cidade de Roma sofria com uma peste.  Exatamente quando houve o translado das relíquias de São Sebastião a epidemia desapareceu.

O santo ficou conhecido como protetor da humanidade cristã contra a fome, as guerras e as epidemias. No Brasil, São Sebastião é padroeiro de diversas cidades, além do Rio de Janeiro.

Missa concelebrada no palco da praça da Matriz, de Nossa Senhora das Dores na noite deste sábado (25), em louvor a São Sebastião
A praça da matriz foi tomada por uma multidão de fiéis

Passamos a palavra para o historiador ibiunense José Gomes Linense [na última quarta-feira (22) ele participou do programa ao vivo especial sobre a Festa de São Sebastião e do Divino Espirito Santo, na TVUNA, juntamente com Márcia Matos, conselheira tutelar, e Almir da Silva, comerciante e atual presidente da Associação Comercial e Empresarial de Ibiúna – ACEI].

SANTUÁRIO A SÃO SEBASTIÃO

Com 87 anos e uma memória impecável, durante o programa e de modo fervoroso, Linense lançou a ideia de se constuir um santuárioi dedicado a São Sebastião no local próximo onde se localiza a Capela do Santo.

Para que não percamos de vista seu papel de historiador, eis os três livros que Linense escreveu, após intensas e demoradas pesquisas voluntariosas, além de outros dois que estão sendo escritos, conforme revelou a vitrine online: “Y’una – Noiva Azul”, “1º Centenário de São Sebastião em Ibiúna”, “Sob o Manto da Fé Surgiu Ibiúna”.

“A devoção e predileção por santos na colonização do interior brasileiro denominavam as capelas, freguesias e paróquias. Esses santos tornavam-se padroeiros, considerados também protetores dessas freguesias e paróquias. Assim permanecem até os dias de hoje.
A festa em homenagem a São Sebastião, em Ibiúna – considerada a principal comemoração religiosa da região – provém dessa tradição histórica.

Sábado (25.5.2024 – 11h20) – Os romeiros sobem a rua XV de Novembro rumo à capela de São Sebastião, distante 27 km, no sertão de Ibiúna
O povo reunido em torno da capela de São Sebastião, no bairro do Pocinho, numa festa que completa 105 anos de devoção

FEBRE AMARELA

Entre as versões que marcam o surgimento de São Sebastião na história de Una, a primeira, contavam os antigos moradores, é de que uma epidemia de febre amarela e varíola, simultaneamente, irrompeu-se em 1884, atingindo todo o sertão de Una, além de municípios vizinhos, como Juquitiba, Juquiá, Miracatu, Itapecerica da Serra, São Lourenço da Serra, Cotia e Vargem Grande Paulista.

Segundo os defensores desta versão, a epidemia foi estancada após a promessa da jovem fazendeira Alexandrina Augusta de Góes, conhecida por Nha Xanda, pertencente à família dos Ruivos, de trazer do Rio de Janeiro uma imagem de São Sebastião e colocá-la em uma das grutas ali existentes, assim que a epidemia cessasse.

A presença da mulher romeira foi marcante durante toda a peregrinação
Márcia Matos (primeiro plano) foi cumprir promessa por uma graça recebida

A promessa resultou no milagre de que a epidemia cessou rapidamente.
O acontecimento, somado a ideia do pároco de Una, Monsenhor Cintra, de construir um convento de padres naquela paragem, trouxe, em 1886, até as grutas, ou itaocas de São Sebastião, o bispo Dom Lino Deodato, que pernoitou nas grutas, rezou missa, crismou os fieis e lançou o projeto para a construção da Capela de São Sebastião, localizada no sertão a 27 km do centro de Ibiúna.

Caminhar perto da imagem do santo já é uma realização,, tocá-la uma ventura, carregá-la nos braços, um poderoso ato de fé
Guilherme Camargo e Benedito Soares: a fé unindo gerações

INFLUENZA ESPANHOLA

Outro fato sustenta a continuada devoção. No início do século passado, em 1918, milhões de pessoas no mundo foram acometidas com a gripe Influenza Espanhola, cerca de 5% da população mundial.

No Rio de Janeiro, cerca de mil pessoas morriam por dia. Na cidade de Una, com notícias de mortes em cidades vizinhas, as “Senhoras do Apostolado da Oração”, que rezavam todas as manhãs com o Padre Antonio de Sá Férros, convocaram o povo para que todos cultuassem a São Sebastião, pedindo graças e proteção contra a peste.

A maior festa religiosa de Ibiúna e região: a foto esclarece o porquê

ORIGEM DA ROMARIA

Na ocasião, fizeram a promessa da Romaria. Como resultado da fé, não foi identificado nenhum caso de óbito no município de Una. Desde 1919, portanto, a imagem do venerado São Sebastião é transportada por cavaleiros e amazonas, desde a capela do bairro do Pocinho até a Matriz da Padroeira Nossa Senhora das Dores, onde é devotada com louvores.


As gerações seguiram a devoção e a promessa dos antepassados. Por isso, crianças, jovens e idosos partem todos os anos, no fim de maio, em direção ao bairro do Pocinho trazendo de lá a imagem de São Sebastião até a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, rezando e cantando louvores, em um ato de fé e gratidão ao santo do catolicismo.


Se por um lado o canto de Nossa Senhora das Dores deu início ao louvor da fé um povo que surgiu em uma cidade que se iniciava, São Sebastião viria logo após para zelar pela saúde deste mesmo povo, imbuído de muita esperança.

Os pontos de fé e gratidão tinham propósitos de alicerçar a cidade, também amor e devoção. Mas a fé dos ibiunenses, ainda é reforçada pelo louvor ao Divino Espírito Santo. Portanto, há mais de um século, São Sebastião é louvado pelo povo cujo objetivo servir a Deus e a Jesus Cristo.”

Neste ano, se comemora com grandiosa festa dos 105 anos de São Sebastião e do Divino Espírito Santo.

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A centenária banda Lyra Unense mais uma vez abrilhantou a Festa de São Sebastião
Cavaleiros e cavaleiras descem na rua XV de Novembro em direção à praça da Matriz

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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